Uma jornada reúne os últimos escritos de Pirandello e oferece ao leitor uma espécie de condensado de toda a sua obra. Pode-se dizer que, com este livro, o autor atinge o que vinha perseguindo desde que começou a escrever. Este é o momento em que ele chega efetivamente à almejada indistinção entre farsa e tragédia. O leitor se depara com indivíduos muitas vezes sem nome, atolados na solidão, submetidos à cegueira do acaso. Sobressaem o detalhe disforme, a representação da vida tumultuária num mundo estranho, a presença do maravilhoso, a irracionalidade radical de nossas ações. O estilo característico da fase final do autor, porém, parece pôr essas questões em uma perspectiva muito peculiar. Se por um lado não podemos esquecer da singularidade da condição humana por um minuto sequer, por outro, somos sempre lembrados de que, nesta, também cabe a beleza e a leveza da prosa de Pirandello.